sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
REFRIGERAÇÃO E CONFORTO TÉRMICO EM CASA E NO ESCRITÓRIO
Graças à popularização e ampliação do mercado, os aparelhos de ar condicionado, sejam os tradicionais de janela, os do tipo "split" ou até mesmo os portáteis tornaram-se mais acessíveis com preços que os colocam entre os bens de consumo mais desejados pela população brasileira na última década.
Vale salientar que não só com climatizadores é possível tornar mais agradáveis ambientes nos dias de altas temperaturas, os antigos e eficientes ventiladores e circuladores ainda cumprem excelente papel e encontram facilmente espaço na decoração de qualquer ambiente.
Mas qual solução é a mais interessante para cada ambiente? Isto vai depender de cada caso, do que se espera da solução escolhida, do orçamento previsto e da infra-estrutura disponível em sua residência ou escritório.
Para os aparelhos de ar condicionado tradicionais, de parede ou janela ainda muito populares há sempre uma solução, porém é necessário preparar a parede ou janela para recebê-lo; isso significa contratar profissionais para abrir um "buraco", arrematá-lo, e contratar eletricistas para instalar circuitos elétricos específicos (a maioria dos aparelhos é 220v e necessita de ramal e chave própria no quadro de luz). Isso tudo sem falar na adequação externa com suporte metálico para o aparelho, para uma possível bandeja de retenção de água e dreno.
Muitos se surpreendem ao ver que se gastou mais na instalação do aparelho do que com o mesmo. Lembrando que mesmo as empresas que oferecem instalação gratuita não realizam na maioria das vezes os serviços de infra-estrutura física (parte do pedreiro, pintor e eletricista), apenas se responsabilizando pela instalação final e funcionamento do aparelho.
Nos aparelhos de peça única como estes o grande inconveniente é o fato do compressor estar junto ao condensador e evaporador o que cria um ruído nem sempre desejável.
Os aparelhos do tipo split, ganharam mercado pela facilidade aparente de instalação já que a unidade evaporadora interna pode ficar afastada da condensadora o que permite distribuir melhor o fluxo de ar nos ambientes, dispensando grandes aberturas de instalação, já que são necessários pequenos orifícios para passagem dos dutos.
Os splits totalmente silenciosos são ideais para ambientes de silêncio como dormitórios, escritórios e afins. No entanto é necessário alocar a unidade condensadora em local arejado e externo e garantir alimentação elétrica ao ponto (há máquinas em que a condensadora se liga à rede e outras em que só a evaporadora o faz).
A única desvantagem dos splits é a necessidade de adequação para um dreno. Nem sempre é possível contar com ambientes molhados contíguos àquele onde se coloca o aparelho. Nos projetos mais recentes de residências, apartamentos e escritórios já existem drenos previstos em projeto que muitas vezes estão escondidos dentro das paredes indicadas a receber os splits.
Com relação ao dimensionamento da máquina, ou mais claramente falando, na quantidade de BTUs que o equipamento deve ter, deve-se ter em conta o volume do ambiente a ser refrigerado e as possíveis perdas de calor. O contato com profissional do setor facilita a escolha e diminui a chance de erros no dimensionamento.
Recomenda-se que não se coloque a unidade condensadora em ambientes fechados pois o calor será concentrado nesse ambiente; é o que ocorre em apartamentos onde por imprudência instalam-se estes equipamentos em varandas posteriormente envidraçadas. A falta de arejamento prejudica a refrigeração plena e apenas transfere o calor de um ambiente para outro.
Na linha de ventiladores, destaque para os ventiladores de teto feitos em fibras naturais ou hélices aerodinâmicas, bastante silenciosos e competentes; fuja dos tradicionais com pás desenhadas e elemento central em estilo barroco em formato de flor pois dificilmente se adequarão à estética dos ambientes (salvo raríssimas exceções) além de serem mais ruidosos.
Os circuladores e os ventiladores em formato torre são interessantes por poderem ficar escondidos na decoração cumprindo seu papel no aumento da ventilação.
O importante é adequar tudo isto a um projeto arquitetônico que saiba tirar partido dos materiais, com uso de revestimentos corretos a cada tipo de situação. A consulta a um profissional no ato de projetar seu imóvel ou no momento da reforma pode ajudar em muito na criação de ambientes naturalmente confortáveis e que não necessitem de artificialismos para tanto.
As casas bandeiristas de séculos atrás são exemplo disto. O uso da taipa de pilão (paredes feitas em barro), o pé direito elevado, a ventilação cruzada nos ambientes, as telhas também de barro, as treliças e os beirais para não deixar o sol penetrar diretamente nos ambientes, fazia destas construções excelentes exemplos de adequação térmica, garantindo o frescor interno durante parte do dia e possibilitando seu gradativo aquecimento ao anoitecer.
Tanto a climatização artificial como a ventilação forçada são responsáveis por grande parte do consumo energético das grandes cidades, contribuindo indiretamente para a poluição ambiental e para as modificações bruscas sobre a natureza que tanto comprometem o futuro do planeta. A conscientização para a sustentabilidade propõe a retomada dos projetos verdes para as questões dos projetos ligados à climatização na arquitetura e a racionalidade é postura decisiva para tanto.
Arquiteto Manolo Vilches - graduado pela FAU-USP, mestre e doutor pela PUCSP
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Ecos da Casa Office
Fera da arqutietura, a turma do Piratininga Arquitetos arrasou no Casa Office com a Sala da Diretoria. Encabeçado pelos arquitetos João Paulo Tavares, José Armenio de Brito Cruz, Marco Alfredo Mendes Aldrigh e Renata Semin, o escritório criou o ambiente em meio a estrutura pura através de cubos envidraçados.
Eu adorei. Achei leve, criativo e atual. Aliás, ótimo recurso para se aproveitar espaços como galpões antigos. A transparência também quebra com a hierarquia. O vidro entrosa com a equipe mas preserva a intimidade do chefe.
O arquiteto Dante Della Manna também mostrou seu talento com Escritório do Publicitário. Ele faz uma alegoria à criatividade do paulistano, através do painel estampado com o mapa da cidade de São Paulo.
O plano de trabalho coletivo é bem apropriado para a atividade criativa. Versátil, ele acolhe a qualquer momento um novo participante. Ótimo para rabiscar um rafi ou uma idéia, espalhar papéis, revistas e livros.
Complementada com as cadeiras Aeron, da Herman Miller, a área de atividade é confortável e inspira até um leigo.
Agradou-me bastante a iluminação, com meio forro de gesso, e os pendentes sobre a bancada. O resultado é uma luz bem equilibrada.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Contratação irregular do escritório de arquitetura suiço Herzog & de Meuron para o projeto do Palácio da Dança
To: Governo do Estado de São Paulo
Esta petição, aberta a todos os cidadãos de São Paulo mas dirigida especialmente à classe dos arquitetos brasileiros, destina-se a levar ao conhecimento do Governo do Estado de São Paulo algumas considerações sobre a contratação irregular do escritório de arquitetura suiço "superstar" Herzog & de Meuron para o projeto do Palácio da Dança, no terreno da antiga rodoviária (que pertenceu ao falecido Otávio Frias do grupo Folha de São Paulo).
1 - O governador José Serra, que escolheu este escritório, está em campanha aberta para a Presidência da República e pretende gastar no “Palácio” cerca de 300 milhões de reais (que já sabemos que se transformarão, durante a obra, em 600 ou 700 milhões) visando a um já mais do que manjado "Efeito Bilbao", de caráter eleitoreiro, em um estado com enormes carências na área habitacional, educacional, de transporte e saúde, com problemas de infra-estrutura e fundiários graves, etc. Além disso, o resultado arquitetônico de tais projetos feitos para a mídia internacional, em geral resultam deploráveis, como o próprio Guggenheim de Bilbao, de Frank Ghery, a casa da música do Porto, de Rem Koolhaas, o arranha-céu de Lomas de Chapultepec, Cidade do México, do mesmo arquiteto, as torres de Milão, de Daniel Liebeskind, etc..
2 - Pretende o Governo do Estado pagar ao Herzog & de Meuron 25 milhões de reais pelo projeto, enquanto que a FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação), por exemplo, paga cerca de 15 mil reais por projeto de escola de segundo grau com 15 salas de aula aos nossos arquitetos, o que não deixa de ser uma afronta à nossa categoria profissional.
3 - Vá lá que um escritório estrangeiro venha trabalhar no Brasil, se houver reciprocidade por parte do seu país, mas é evidente que tem de ser pelos mesmos honorários que o estado paga aos escritórios nacionais.
4 - O responsável pelo andamento deste projeto é o Secretário da Cultura, João Sayad, um banqueiro (ex?) e político, que quando dono do banco SRL S.A., participou ativamente da privatização das companhias de eletricidade e do Banespa, aqui em SP. Aliás é muito curioso que gente como o Sayad, o Luna, o Reichstul, o Lara Rezende, o Pérsio Arida, o Edmar Bacha e o Andrea Calabi, entrem no governo como professores universitários e saiam todos como banqueiros.
5 - Para fazer parte do "star system" arquitetônico internacional não é necessário muito talento, mas sim carisma, ambição social e uma boa assessoria de imprensa. O arquiteto catalão Ricardo Bofill, membro deste "Jet-set", disse certa vez que almejava a fama, mas não a do tipo que tiveram Le Corbusier e Walter Gropius, mas sim como a dos Beatles; já Phillip Johnson, ícone maior do estrelismo arquitetônico, não fazia segredo de sua falta de talento; quando certa vez um interlocutor apontou-lhe um defeito em um dos seus projetos, ele justificou-o explicando candidamente que era um “bad architect”. Pritzker por Pritzker preferimos o Oscar Niemeyer e o Paulo Mendes da Rocha.
6 - O Brasil tem pelo menos umas duas dezenas de arquitetos de nome que já projetaram teatros, salas de concerto, casas de ópera (e dança, naturalmente). Nos anos recentes o Instituto de Arquitetos do Brasil promoveu vários e concorridos concursos assemelhados, como a sede do grupo de dança "O Corpo" em MG, a Escola de Artes Cênicas da Unicamp, em Campinas, o Teatro Municipal de Londrina, PR, o complexo teatral de Natal, RN, a sede da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, etc.. Experiência no tema proposto é o que não falta aos nossos arquitetos.
7 - Aliás, os estudantes de arquitetura devem estar indignados; por que os fazem estudar arquitetura brasileira e internacional, arte e cultura brasileira e internacional, se no final das contas contratam um escritório estrangeiro?
8 - E por fim, ao que se saiba, ainda está em vigor a lei 5.194/66 que regula o exercício da profissão no Brasil, principalmente nos seus atigos 13 e 15. Um concurso internacional patrocinado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil seria até bem-vindo, desde que não discriminasse os escritórios nacionais e que fosse remunerado segundo as tabelas de honorários de nossos orgãos de classe e não pelas quantias astronômicas de um primeiro mundo ao qual ainda não pertencemos.
Euclides Oliveira - Arquiteto
Pitanga do Amparo - Arquiteto
Sincerely,